quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

ORAÇÃO AO PAPAI NOEL



Querido Papai Noel que me ensina a sina do gostar de ter
De presente peço uma lembrança:
Que a Criança no presépio a nascer

Seja sempre lembrada a nós por você.

Seu vermelho brilhante, quero crer,
remete ao sangue em que o amor se encarnou.
E se isso não for, por favor!!

Sua barba branca seja franca
não esconda o rosto da verdade
dO Menino Sua Santidade.

E se me engano peço o favor
não seja isso estímulo ao pobre consumidor...

Não se ofenda por amor quanto à cruz
Se está aqui é só porque lembra Jesus.

Criança que está a nascer
Representante maior do Ser.

Natal todo dia



Bate o sino pequenino

Batem as asas do Divino 

Aquiete-se aqui nas corriqueiras alvoradas

Que agonia dizer-Te adeus


Toda vez a mesma insensatez


Troca de abraços

Troca de olhares

Troca de presentes


É Natal?


Quem de fato está presente?

Quem é aquele que sorri com os olhos?

Por onde andou nos demais dias do ano?


Presença sem troca 

Doação constante

Incessante


Pulsante!


De dentro pra fora

Presentes de espírito

De fora pra dentro

Efêmeros presentes


Na inconsciência

A natureza acontece

No sono profundo

O homem mecânico se deixa acontecer

No despertar

O homem de verdade faz acontecer


Agora e sempre

Sempre presente

Presença sempre

É Cristo no coração


É Natal todo dia

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Passagem de ida



Olho para minha vida

E vejo cadáveres de mim mesma


Como são belos

Como foram frutíferos


Notáveis

Imprescindíveis


Permanecem por fora

Prosperam por dentro


Quantas lutas

Quantos lutos


Quão bem vindos lutos.


A tristeza de uma agrura

É nascente de suprema felicidade


Marcamos encontro com a felicidade

Desviamos do caminho estreito.


Queremos sorrir primeiro, pra depois quem sabe,

Derramar lágrimas anestesiadas


Os sorrisos não chegam

As lágrimas seguramente sim


E culpamos o outro.


Porque o espelho só serve para refletir a beleza

Os defeitos jamais me pertencem


Acumulemos cadáveres em vida

Para que a morte física seja uma passagem só de ida

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

NASICA E ÊNIO



Nasica foi visitar o poeta Ênio e, perguntando por ele à entrada, uma escrava lhe disse que Ênio não estava em casa. Nasica, porém percebeu que ela tinha respondido por ordem do seu amo e que este se encontrava em casa.


Poucos dias depois, Ênio foi à casa de Nasica e, perguntando por ela a porta, Nasica exclamou que não estava em casa.


Diz Ênio:

-O quê? Então não conheço a tua voz?
Responde Nasica:
-Tu és um sem-vergonha. Quando te procurei, acreditei no que disse sua escrava (que não estavas em casa) e tu não acreditas no que eu mesma digo!
(Cícero)

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Te ensinaram?










  Te ensinaram a não fazer barulho,

E por medo mal sabes respirar.


Te ensinaram a pedir licença,

E por medo nem mesmo te aproximas.


Te ensinaram a dizer obrigada,

E por medo te esqueces de ofertar.


Te ensinaram a ser obediente,

E por medo reprimiste teu criar.


Te ensinaram a ver por outros olhos,

E por medo nem mesmo abres os teus.


Te ensinaram a aplaudir o outro,

E por medo não reconheces quando tua é a vitória.


Te ensinaram a ter humildade,

E por medo não atinges teu próprio tamanho.


Te ensinaram a te esforçar,

E por medo perdeste a fluidez da vida.


Te ensinaram que vencer é essencial,

E por medo te recusas a entrar no jogo.


Te ensinaram a competir,

E assim congelaste teu coração.


Te ensinaram como sorrir,

E lá se foi tua espontaneidade.


Te ensinaram a ser como és,

E tu acreditaste.


Porém eu lhes digo:

Faça tudo ao contrário!


E ainda assim não serás quem és.


Quando não precisares,

De ninguém pra te dizer.


Quem sabe então,

Despertarás teu próprio Ser.

terça-feira, 23 de julho de 2013

DESCONFRONTO e DESCONFORTO



A jaca e o jacaré

Ânimo e animal

Encontro no vital

Desencontro no hominal.



Jacarepaguá, Jacarta, Jacareí

Coisas que se veem por aí



Daqui pra lá, de lá pra cá

Acarajé, carqueja,

cacarejo e caranguejo.



Sobe em árvore sim;

Jacarandá, jaguar,

No tupi-guarani jaguaretê.



E a jaca disfarça:

Jaboticaba, cajá

Carcaças...



Já a cara é outra coisa!

Coisa já acabada.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Confronto





O olhar de fora,


Segue a linha do oceano.


O olhar de dentro,


Tem rumo em outro plano.



Navegar em águas serenas,


Ou atrever-se em ondas turbulentas?


Pobre animal domesticado,


Ou felizmente abandonado?



E assim diziam...



Como és só,


Quanto mais repleta minha videira.



Não gozas da vida,


Quão mais intensa a beleza do meu luto.



Te entristece,


Mais profundos soavam os risos de minha alma.



Estás distante,


Enquanto me abeirava em todo despertar.



Quanto contraste,


Maior se fazia a semelhança com o Essencial.



Te esvaziaste,


Quando preenchia-me a cada inspiração.



E pensava em mim...



Por que me compara essa gente?



Tem quem olha e não vê.


Tem quem cultua o de fora.


Tem quem caminha no horizonte.


Tem quem alardeia.


Tem a quem a vida basta.



Assim fui?


Todos somos Um...



Ver pode incomodar.


Perceber dentro pode assustar.


Viajar ao desconhecido pode apavorar.


Silenciar pode inquietar.


E viver morrendo...



Só vivendo.